sábado, 8 de novembro de 2014

"UBÁ NOTÍCIAS" POSTAGEM Nº1199 - ANO 4

                                   


Lígia Aroeira Ferreira



Fique por dentro



CHEGOU O DIA 08/11/2014
Hoje temos o 2º Encontro dos Ubaenses no Rio a partir de 20 horas, no Clube Monte Líbano(mesmo local do ano passado), Avenida Borges de Medeiros,701- Lagoa.
O valor da adesão é de R$150,00(cento e cinquenta reais) e o depósito deve ser feito   para Raimundo Teixeira Pinto - Banco Santander - Agência 3340 - CEF:022.505.006-49
O convite inclui jantar, bebidas, música e muita alegria.

Após depósito de adesão favor avisar para:
Ânsia - ansiaroberto@gmail.com
Celinho - celiocampos@terra.com.br
Genaro - gefarne@ig.com.br
Zé Sales - jscollares@gmail.com


Elza Marcato




Em dia com a notícia


CLÍNICA ODONTOLÓGICA


Dr.Paulo Rubens Aroeira e seu filho Hugo participando da palestra do conceituado mestre Dr. Roberto Caproni , no Conselho Regional de Odontologia/RJ, para aprimorar e agregar valores a sua Clínica "Aroeiras Odontologia Integrada", no Rio de Janeiro.



Márcia Aroeira Barbosa



Fotos e fatos



AMIGAS


Mª Lívia Gomes e Mª Lúcia(Lolô) Perillo
                         ESPAÇO ABERTO
É como um sonho encantado
que não termina jamais:
Ubá, meu berço incrustado
dentro de Minas Gerais.
                                    Olympio Coutinho
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Este blog é para a integração dos ubaenses. Mande suas notícias, fotos, mensagens...
Email : ubanoticias@gmail.com
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Homenagem a Cornélio Zampier Teixeira
Ubá, 01 de novembro de 2014. 
Boa Noite,
Benditos sejam os livros. Benditos sejam os memorialistas que criam fragmentos da História usando a própria vida como fio condutor. Bendito seja o escritor Cornélio Zampier Teixeira que nos brindou com um livro de memórias no tempo do sítio Mata Cavalos em Ubá Pequeno e da Praça Guido Marlière em Ubá nos Anos Dourados. Para homenagear este grande escritor escrevi estas palavras:
     Há dois meses tive uma grande alegria ao abrir os meus e-mails e verificar que tinha um do Cornélio. Apesar da nossa irmandade, havia muito tempo que não nos falávamos. Li imediatamente a carta e fiquei entusiasmo com a notícia de que Cornélio havia publicado um livro de memórias chamado Anos Dourados na Cidade da Manga Ubá – Memórias da minha janela. Marcamos um almoço para eu adquirir um livro e colocar a conversa em dia. Li os contos Cornelianos como se estivesse chupando manga Ubá. Eles me levaram para a nossa querida Cidade Carinho das ruas de pé de moleque, dos casarões, das carroças de leite, do fumo de rolo, dos corpos melados pelo calor tropical. Vou deixar que cada leitor aprecie o livro e se deixe levar pelas suas histórias. Vou dizer sobre o autor, meu amigo fraterno há quase 60 anos.
     Conheci Cornélio no final da década de 1950 no Externato Nossa Senhora do Carmo, dirigido pela professora Aristolina Maciel. A escola ficava na esquina do Beco do Padilha com a Rua Peixoto Filho num casarão da República Velha. O ano letivo havia começado e a professora Zulma Lauria se preparava para iniciar a aula do 4º ano do curso Primário. Os alunos se dirigiam às suas carteiras, Muqueca conduzia o ônibus do Sô Joaquim Setenta em direção à Praça de Esportes e um suave cheiro de fazenda vinha do Centro dos Lavradores, enchendo a escola de natureza. De repente, Dona Aristolina entrou na sala trazendo um menino pelas mãos. A Diretora informou à professora que ele tinha sido transferido para a sua turma e pediu aos estudantes que recebessem o novo colega com carinho. Era Cornélio. De frente para os alunos estava um menino franzino, cabelos arrepiados, olhos arregalados, mente sedenta - um predador assustado. Cornélio havia deixado em Mata Cavalos as suas armas de menino da roça: atiradeira, vara de pescar, arapuca, canivete. Agora, ele caçava conhecimento na cidade. Pendurado no ombro esquerdo, o caçador tinha um embornal cáqui onde trazia as suas novas armas: livro de Admissão ao Ginásio, cadernos, estojo, lápis de cor, régua e compasso. A professora Zulma colocou o novo aluno na frente, à esquerda, perto da janela de onde dava para ver o pé de carambola da casa do Dr. Pedro Xavier e o cruzeiro da Praça São Januário. Na Rua Peixoto Filho os ubaenses passavam do lado de cima para o lado de baixo, do lado de baixo para o lado de cima, num vai e vem de todos os corações. A aula começou com o Dia do Fico, passou para plural de substantivos compostos e terminou com o Sistema Solar. O novato acompanhava tudo freneticamente. Na hora do recreio, Cornélio tirou do embornal – companheiro de toda vida - um pão com salame preto comprado na venda de Ubá Pequeno. A sala impregnou-se de forte cheiro, indicando que Cornélio tinha estômago resistente para enfrentar as dificuldades que estavam começando.
     Rapidinho Cornélio se transformou no melhor aluno da sala e sabia corretamente o que era vocativo, pontos cardeais, média ponderada e tinha na ponta da língua o nome de todos os inconfidentes mineiros, até mesmo quem era Bárbara Heliodora Guilhermina da Silveira. Cornélio era cobra em Aritmética. Bastava informar quantos pés de galinhas e de porcos tinham num terreiro e ele, rapidamente, descobria quantos animais eram.
     De ponto em ponto o ano terminou, recebemos o diploma do Curso Primário e fomos para as férias. A partir deste momento, abriu-se um fosso entre nós. Eu corri para a minha amada Rua Santa Cruz jogar pelada e soltar papagaio e o Cornélio, apressado, matriculou-se no curso intensivo de Admissão ao Ginásio na escola da Dona Nedir Duarte, na Rua Quinze de Novembro. O menino de Ubá Pequeno disparou: passou em primeiro lugar no difícil exame do Colégio Estadual Raul Soares, aonde estudou dois anos; ainda menino foi trabalhar no Banco da Lavoura; transferiu a matrícula para o curso noturno da Escola de Comércio e mudou para o Grande Hotel na Praça Guido Marlière. Ao som do apito da Leopoldina e da sirene do cinema Brasil Cornélio virou homem rapidamente, pegou justa fama de inteligente e brilhava na sociedade ubaense. Acompanhei de longe a sua trajetória vitoriosa, contada por ele no seu livro, em muitos contos pitorescos.
     O tempo passou. Uma noite, durante o jantar, minha querida irmã Maria José, pronta para dar aulas de Português na Escola de Comércio, mostrava uma discreta euforia. Mamãe percebeu e perguntou o quê estava acontecendo. Maria José explicou que naquele dia ia entregar um prêmio a um aluno que ganhara um concurso de redação e isto, para uma professora de Português, é motivo de grande alegria.  Papai quis saber quem era e Maria José informou que era um filho do Sô Dercílio, o que trabalhava no Banco da Lavoura. Feliz, comentou que o rapaz escrevia muito bem e que tinha um grande futuro. Papai levantou as sobranceiras e arregalou os olhos indicando que sabia de quem se tratava e eu, sem desprezar o prato, pensei: “é o Cornélio da Dona Aristolina”.
      Com o Certificado de Reservista do Tiro de Guerra 235, o diploma de datilografia da Escola PRATT da Dona Nina Giacoia e uma abreugrafia recente fui para o Rio de Janeiro conquistar o Mundo. Um ano depois, trabalhava como representante comercial e estudava numa escola noturna na Rua do Riachuelo, antiga de Matacavalos. Morava numa pensão na Tijuca e tinha planos de mudar para a Vieira Souto, rapidamente.
     Um dia, no mítico ano de 1968, aquele que não acabou, passava na esquina das avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas, no coração do Rio de Janeiro, quando senti um estranho cheiro de mangada. “Meu Deus”, pensei, “a saudade de Ubá é tanta que comecei a delirar”. De repente, vejo um conhecido. Era o Cornélio. Ele estava parado na esquina comendo mariola e olhando para cima, admirando alguma coisa. Quem passou por esta experiência sabe a alegria que é encontrar um conterrâneo na cidade grande. Abraçamos efusivamente e fizemos as perguntas de praxe: o quê você está fazendo aqui? A passeio? Alguma novidade de Ubá? Quem casou? Alguém morreu? Cornélio vestia uma camisa Volta ao Mundo arregaçada até o cotovelo, usava a gravata da formatura da Escola de Comércio e carregava um embornal estilizado até o joelho. Disse que tinha sido transferido pelo Banco da Lavoura para o Rio e estava trabalhando no prédio da esquina. Era hora do almoço, ele tinha comido um espaguete com almôndegas na Rua da Alfândega e estava fazendo o quilo, apreciando os arranha-céus. Conversa vai, conversa vem, Cornélio me confidenciou o seu sonho: “quero ser engenheiro e construir edifícios como estes. Foi por isto que vim para o Rio e estou procurando lugar para morar. Você conhece algum?” Disse que morava numa pensão na Tijuca e que poderia verificar com a dona se tinha vaga. Despedimos e fomos trabalhar.
     No ônibus, de volta para casa, fui pensando no sonho do Cornélio. Naquele tempo, cada faculdade fazia o seu próprio vestibular e o de Engenharia era um dos mais difíceis. A prova mais puxada era Matemática, exigindo conhecimentos de geometria e álgebra que Cornélio não tinha, o curso Técnico de Contabilidade ensina somente a parte financeira. Entre juros compostos e derivadas há uma distância abissal. Além disto, Cornélio nunca tinha estudado Física e Química. Mas, confiante, pensei, “Cornélio tem uma pedreira pela frente, mas quem come salame da venda de Ubá Pequeno enfrenta qualquer coisa”.
     No dia seguinte, procurei Cornélio nas grimpas do edifício do Banco da Lavoura para informar-lhe que a Dona Mercedes, proprietária da pensão, tinha uma vaga disponível. Foi assim que Cornélio se juntou à pequena comunidade de ubaenses que vivia num casarão machadiano de dois andares na Rua Lúcio de Mendonça entre o Maracanã e a Praça Saens Peña na Tijuca: Mauro Fouad Haikal, Sebastião Paulino Guimarães, Delfim Milagres, José Mares Guia e eu. Mais tarde, na Rua das Laranjeiras, juntaram-se mais dois: Nelson Fernandes Guimarães e Antônio Daniel Rocha Barroso.
       Durante sete anos acompanhei de perto a luta de Cornélio para realizar seu sonho. Dedicação total. Matriculou-se no melhor cursinho pré-vestibular, pediu demissão do Banco da Lavoura onde fazia sólida carreira, deu aulas particulares para sobreviver e comeu pão com salame durante muito tempo. Aderiu ao estilo da época: cabelo comprido, camisão de algodão cru, calça Lee, tênis branco, adereços de couro no pulso e no pescoço e o indefectível embornal hippie cheio de livros. Diversão somente quando o Fluminense ganhava e aos domingos quando ele e Mauro Haikal passavam o dia inteiro tocando e cantando, violão e voz, a balada Gatinha Manhosa.
     Valeu a pena. O menino de Ubá Pequeno, filho de pequenos sitiantes, passou no vestibular de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, onde se graduou; tornou-se Mestre e Doutor pela Universidade do Estado de São Paulo – USP; foi professor-doutor na Universidade Federal de Lavras - MG, onde se aposentou; publicou inúmeros trabalhos técnicos; construiu barragens, pontes e estradas e é consultor de meio ambiente de notório saber.
     Para os gregos antigos virtude significava potência. No homem, força para afirmação do ser, vedando-se o que considera indigno. Cornélio é um homem virtuoso e um ubaense notável.
     Nosso escritor nasceu no sítio Mata Cavalos em Ubá Pequeno. Bentinho, o Dom Casmurro de Machado de Assis, foi criado na Rua de Matacavalos no Rio de Janeiro. Coincidência? Certamente, mas uma coincidência literária. Machado e Cornélio foram agraciados com o dom da escrita. O Brasil ganhou um grande engenheiro, mas a Engenharia retirou Cornélio do seu leito natural, a Literatura. Porém, ainda há tempo. Anos Dourados na Cidade da Manga Ubá é apenas o começo.
     Marcel Proust, depois de passar a vida nos ambientes mundanos de Paris, encerrou-se no seu apartamento durante dez anos e escreveu uma das maiores obras literárias da humanidade, o romance Em Busca do Tempo Perdido. Dois brasileiros notáveis, Pedro Nava e Euclides da Cunha, são exemplos edificantes. O primeiro, mineiro de Juiz de Fora, após dedicar a vida à medicina, escreveu, na aposentadoria, a mais importante obra memorialística nacional e o segundo, engenheiro como Cornélio, construtor de pontes e estradas, produziu, na campanha de Canudos, Os Sertões, obra-prima da literatura brasileira.
      Cada pessoa tem material na própria vida para escrever um livro, pois, todo ser traz em si, e no seu destino, o drama da humanidade.  Para isto é necessário ambição, coragem e talento, condições que Cornélio tem em abundância. Avante Cornélio, o teclado está aguardando. Retire dos dicionários as mais belas palavras e continue a nos contar a sua saga. Os anos de chumbo na Cidade Maravilhosa esperam por você.
     Cornélio, parabéns pela obra, pela vida, pelo exemplo. Muito obrigado pela amizade, pelo convite para aqui comparecer e pela oportunidade de prestar-lhe esta homenagem.
Muito obrigado,

José Daniel Machado,
     Amigo do Cornélio
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